sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Shockwave

Caros leitores,

No dia de hoje, amanhã e depois (29 de fevereiro a 2 de março), a Missão Portas Abertas convida os cristãos a orarem pela Igreja Perseguida, num movimento chamado Shockwave.

Como contribuição, postarei temas relacionados a missões nestes dias. Seja um cristão inteligente e ore você também!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Acre existe

Há exatos 16 anos, no dia 28 de fevereiro de 1992, o julgamento de Darli Alves da Silva era anulado. Se isto não te diz nada, como brasileiro e cristão, recomendo que você leia atentamente os parágrafos abaixo.

Zuenir Ventura e a questão da borracha

Duas décadas após sua morte, Chico Mendes continua atual. É isto que mostra o livro de Zuenir Ventura, Chico Mendes – Crime e Castigo.

Com três viagens ao Acre, o repórter conta, com riqueza de detalhes, a história do assassinato do líder seringueiro em três fases distintas: O crime (o assassinato em si), o castigo (o julgamento dos assassinos) e 15 anos depois (como se encontram os personagens e o estado acreano após uma década e meia do homicídio sofrido pelo defensor das matas).

O autor, ao longo da obra, trata de mostrar como o sindicalista e ativista ambiental Francisco Alves Mendes Filho colocou o Acre, um estado distante, em pauta nas discussões nacionais e internacionais.

Não se trata de um panfleto em defesa da preservação ecológica, mas de um relato, ainda que não seja isento, de como a luta dos seringueiros atrapalhou os fazendeiros da Amazônia, culminando com a morte de seu principal líder.

A influência de Chico Mendes fica evidenciada pelo jornalista, que coloca na boca de Mary Helena Allegretti, antropóloga que lançou o seringueiro internacionalmente, o resultado do trabalho dele.

"Agora, os seringueiros são protagonistas de sua própria história e eu também sou da minha. É uma crítica aos intelectuais que têm que começar a entender que o Brasil não é só Rio e São Paulo. Mas para isso, tem-se que fazer uma revolução dentro de si mesmo", diz ela sobre a causa que defende.

Nos capítulos finais do livro, o autor mostra como Acre mudou após a morte do mártir, que defendia os povos da floresta, mas deixa claro que a questão amazônica continua.

"No Ranking dos estados da Amazônia Legal que mais desmatam, no período 1998-2002, o Acre ocupa o sétimo lugar, entre nove pesquisados, o estado seria responsável assim por 2,7% da área desmatada, perdendo apenas para Roraima (1,1%) e Amapá (0,3%). O primeiro colocado seria o Pará com 33,9% de desmatamento."

Dois anos após o lançamento do livro, em fevereiro de 2005, não por acaso, o Pará foi alvo de situação similar a de Chico Mendes. A Irmã Dorothy, presente na Amazônia desde a década de setenta, foi assassinada.

Ela mantinha um trabalho junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu, visando a minimização dos conflitos fundiários do local, além de tentar aliar geração de emprego e reflorestamento do local. O crime deixa claro que o tema Chico Mendes ainda é atual.

Além de colocar a discussão da sustentabilidade das atividades econômicas na floresta amazônica, o livro de Zuenir Ventura também é um exemplo de apuração bem-feita e de valorização dos personagens secundários.

Por meio de desconhecidos, como Genésio Ferreira da Silva, uma das principais testemunhas do crime ou do médico Efrain Mendoza Mendivil, que teria ouvido o anúncio da morte de Chico cinco dias antes do assassinato, o autor vai desvendando aos poucos cada mistério em redor do homicídio.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

USB 1.0

Cansado de apenas reclamar das pataquadas da igreja evangélica brasileira, resolvi agir. Assim veio a idéia da USB - União pela Sanidade Brasileira. (http://usb10.blogspot.com)

A União não é uma união se eu estiver sozinho neste movimento. Então, convoco você leitor a participar desta ação. Para isto, basta que você reserve um momento de seu dia para interceder em favor da sanidade doutrinária no Brasil.

Se você é blogueiro ou possui um site, sua contribuição pode ser ainda maior. Inclua o USB 1.0 nos seus links e não deixe de denunciar em suas postagens os abusos cometidos por evangélicos no Brasil.

Para quem lidera comunidades cristãs, igrejas ou grupos de jovens, vale divulgar o blog e fomentar a intercessão pela ação do Espírito Santo revelando a verdade à sua Igreja.

A todos acima. Reservem a data 14 de junho em suas agendas. Simbolicamente, todos vamos separar este dia para estar em constante oração para que prevaleça a sã doutrina no Brasil.

Aos líderes fica também a sugestão de, na programação de suas igrejas, incluir reuniões de oração e debates sobre o tema neste dia.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O mérito da forma

No último final de semana, conversava com um amigo meu, Marcos Botelho, do ministério Jovens da Verdade. Entre muita coisa legal, trocamos idéias sobre a importância dos formatos de propagação e pregação do evangelho. Parte da conversa foi breve:

"O importante é mantermos o bom conteúdo. As pessoas se preocupam com a forma, quando é o conteúdo o que importa", comentou ele sobre o preconceito que alguns têm com igrejas que se manifestam de maneira diferente do tradicional.

Eu repliquei: "Temos um problema, inclusive, de sacralizar formas que atrapalham o conteúdo, ou até vão em direção oposta".

Vou explicar aqui de maneira breve o que quis dizer naquela situação.

Existem alguns conceitos que pregamos com ênfase em nossos púlpitos, mas que, ao adotarmos determinadas estratégias, simplesmente minamos nossa pregação. Exemplo: Show da Fé, comandado pelo missionário R. R. Soares.

É possível que você guarde alguma crítica quanto ao conteúdo do que é pregado naquele programa de televisão, mas e a forma? Que mal há em transmitir um culto pela televisão?

A verdade é que este tipo de ação dificulta que compreendamos que o culto público é um ato coletivo executado por todos que comparecem a ele. A exibição televisiva contribui para uma recepção passiva, fazendo com que o telespectador seja o alvo do culto e não Deus.

A TV deve, sim, ser usada para alcançar vidas, mas a forma como vem sendo utilizada prejudica o conteúdo. Está aí um exemplo de como a forma pode atrapalhar o que pregamos.

O que devemos fazer é submeter a forma ao conteúdo. A forma tem de estar a serviço do conteúdo, viver em função dele.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O fim dos tempos no cotidiano

E se a Igreja vivesse tentando reproduzir o que será o céu? Certamente seríamos luz no mundo e sal da Terra. Isso é o que sugere A Escatologia, Russel Shedd, Shedd Publicaões, 38 páginas.

Desde 1962 no Brasil, o Dr. Shedd se tornou uma referência em diversas áreas da teologia, tratando com profundidade de temas complexos como a escatologia (doutrina dos últimos tempos). Quem espera, entretanto, um estudo amplo do tema pode ficar decepcionado com esta pequena publicação.

Nas poucas páginas do livro, o autor discorre sobre como a perspectiva da breve segunda vinda de Jesus pode e deve influenciar a vida do cristão, sem, entretanto, entrar em méritos polêmicos levantados nesta questão. Mesmo com a aparente superficialidade, Shedd não desaponta e dá ao crente reformado uma visão abrangente dos motivos pelos quais devemos desejar que o Cristo retorne em breve.

Usando como base a expectativa da igreja primitiva de que a segunda vinda estava muito próxima, o missionário mostra que pensar em escatologia da forma correta nos leva a desejar viver em novidade de vida, além de pregar o evangelho com maior entusiasmo. Em suma, há no texto um forte estímulo a trazermos para o nosso dia-a-dia a glória futura que nos espera.

“A visão bíblica do cristianismo não coincide com a idéia de um novo convertido simplesmente unir-se a uma igreja e então esperar pelo fim. Ao invés disso, como alguém que possui vida eterna, ele esforça-se para fazer, da realidade futura, sua experiência presente”, afirma o autor na conclusão do livro.

É, sobretudo, esta a grande contribuição que o livro traz para o cristianismo. Uma exortação de que a igreja, como noiva de Cristo, seja um reflexo no tempo atual do universo redentor que Deus tem preparado para aqueles que o amam.

Coluna do Fabião: Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça

A Mensagem era pregada por Jesus na Judéia, na Galiléia e na Samaria. Como na parábola da sementeira, uma parte caía em ouvidos que não queriam ouvir, outros ainda recebiam a mensagem, mas seu coração endurecia perante as riquezas, mas sempre tinham aqueles de ouvidos atentos, coração humilde para receber a Palavra e frutificar a cem e cento por um.

Ainda temos meios de se nos fizer ouvir, e de se fazer ouvir Aquele ao qual nos convoca para que preguemos a Boa Nova. Mas, infelizmente, povo de dura cerviz sofre. Para quê tentar lutar tanto para se não se fazer falar quando o mais simples é apenas jogar a semente, como o semeador?

Não sabemos se nascerá algo da nossa sementeira, mas nosso dever de semeador já o fizemos, cumprido está nosso papel. Obviamente, não basta somente fazer isso. Temos outro papel, o de atalaia.

Um atalaia, ou guarda-noturno, era responsável pelo aviso de invasões de outros povos contra a cidade fortificada; quando o atalaia não cumpria seu papel, ou por negligenciar o aviso ou por colocar sua atenção em outra coisa que não era sua obrigação principal, a cidade poderia ser sitiada ou até mesmo cair diante de tal descuido (Ez 33:1-9).

Ser atalaia, no nosso contexto, é falar ao próximo avisando que o inimigo se aproxima, é divulgar o poder libertador do Evangelho, curador e restaurador de Cristo Jesus, nosso Senhor.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Acesso livre à Superinteressante

Não sei se estou dando notícia velha por aqui. Pelo menos para mim, quando soube hoje, tinha cara de nova: a revista Superinteressante disponibilizou todo o seu conteúdo de 1987 até 2006 em seu website.

A maioria dos cristãos não gosta deste periódico, essencialmente por seus ataques recentes à religião, mas, de qualquer forma, fica a dica parta os mais curiosos.

De muitas coisas que vi, selecionei o link que mais me chamou atenção para colocar aqui. São 14 previsões sobre como será o mundo em 2015.

Destaco a previsão sobre Espiritualidade. Lia Diskin, chamada para falar sobre um assunto prevê uma queda de popularidade das religiões exclusivistas e progresso no caminho da aceitação mútua das religiões. Não é o que vimos acontecer até agora.

Se com aceitação mútua ela quer dizer tolerância, ponto para ela e para nós cristãos, que devemos amar os fiéis a outros credos. Se quer dizer que todos os caminhos levam a Deus, quem lê a Bíblia sabe que não é isso que ela propõe, deixando assim os cristãos de fora do que ela chama de "abertura das tradições religiosas".

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

50 anos longe do traje social

No dia 22 de fevereiro de 1958, entrava em cartaz a peça Eles não usam Black-Tie de Gianfrancesco Guarnieri. O autor e ator, que faleceu em 2006 por insuficiência renal crônica, foi o primeiro a retratar a classe operária no teatro brasileiro.

O que tem isso com o cristianismo? A ousadia de Guarnieri deve nos servir de exemplo. Reclamamos tanto da pilantragem e das heresias de líderes evangélicos, mas o que temos feito a respeito? Escrevemos ladainhas repetitivas em nossos blogs e resmungamos em nossas igrejas. Penso que devemos assumir um papel diferente.

Devemos pensar e pregar a sã doutrina, produzir cultura que resgate a essência da Palavra de Deus. Talvez, em unidade, iniciar um verdadeiro movimento de recuperação da mensagem real do Evangelho. Raciocinar e produzir estratégias pastorais e de comunicação para combater os ventos de doutrina.

Fica aqui minha homenagem ao que, penso, o melhor ator brasileiro do século XX ao lado do também falecido Paulo Autran.

Outros fatos relevantes no dia 22 de fevereiro:

1732 – Nasce o primeiro presidente dos EUA, George Washington. Certamente muito mais brilhante do que outros George W.

1892 – Entra em cartaz a peça O Leque de Lady Windermere, de Oscar Wilde. A obra é um clássico da dramaturgia inglesa e trata de questões como traição e matrimônio.

Julius Erving, também conhecido como Doctor J., um dos maiores jogadores da história do basquete completa hoje 58 anos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Malcolm X e outros fatos

O dia 21 de fevereiro é um daqueles dias recheados de acontecimentos históricos importantes. Como curiosidade, resolvi levantar e comentar alguns deles:

21/02/1965 – Malcolm X tinha 39 anos quando foi assassinado a tiros em um discurso que fazia no Harlem, em Nova Iorque. Os autores do crime foram identificados como pertencentes a uma facção islâmica, mas oficialmente o processo foi arquivado por falta de provas.

Filho de pastor, Malcolm Little, como foi batizado, mudou seu nome para El-Hajj Malik Al-Shabazz quando se converteu ao islamismo. Não foi o mundo muçulmano, entretanto, que recebeu as maiores contribuições de seu ativismo, mas sim o Ocidente negro, que viu nele a maior influência revolucionária entre os movimentos afro-descendentes.

Diferentemente de Luther King, já citado neste Blog, Malcolm X não defendia uma ação pacífica contra a segregação racial, mas uma revolução que levasse a um Estado negro independente.

Comentando: Tenho uma amiga que defende um Estado totalitário evangélico como única forma de ‘salvar’ o Brasil. Todos os presidentes dos EUA até hoje foram protestantes e isso não me impede de achar muito estranha essa ‘falta de provas’ no caso Malcolm X.

Com todo o perfil de ativista socialista de Little em plena Guerra Fria, não é difícil imaginar envolvimento do Governo neste assassinato. Eu pergunto: seria solução colocar alguma nação em poder dos evangélicos?

21/02/1925 – Uma das maiores revistas do Século XX é fundada: The New Yorker.

Comentando: Criada por Harold Ross no intuito de ser uma revista de humor, o periódico acabou se tornando um ícone de qualidade no jornalismo mundial. Caso o leitor deste blog nunca tenha lido uma edição, fica a sugestão de ir à livraria mais próxima e pedir por Hiroshima, reportagem de John Hersey publicada na revista, que acabou virando livro, editado aqui no Brasil pela Companhia das Letras.

21/02/1947 - Edwin Land cria a Polaroid.

Comentando: Hoje, com a fotografia digital, não podemos imaginar o impacto da invenção da foto instantânea. O fato é que desde a sua criação, na década de 1830, a foto mudou a história da humanidade.

21/02/2003 – Michael Jordan se torna o primeiro quarentão a fazer 40 pontos num jogo da NBA.

Comentando: Ele fez 43 em uma vitória por 89 a 86 do seu Washington Wizards sobre o New Jersey Nets. A verdade é que em quase todos os dias do ano há algum recorde no basquete estabelecido por MJ.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Coluna do Fabião 1: Atitudes e Decisões

É com prazer qua apresento aos leitores a primeira Coluna do Fabião no meu blog. José Fábio Bezerra é um grande amigo meu e um cristão inteligente que deixará aqui seus textos periodicamente.

Atitudes e Decisões


"Faze-me vaso de bênção, Senhor
Vaso que leve a mensagem de amor!
Eis-me submisso, e ao teu serviço
Eu me consagro, bendito Senhor!
"
(W.Emtzminger)


Meus pássaros... gosto demais desse hino. Volta e meia fico cantarolando por aí, seja na rua, em casa, na faculdade. Claro que esse tipo de excentricidade seria mais tolerável se eu não vivesse no meu mundinho, esquecendo que há pessoas ao meu redor que certamente ficam pensando: "cada maluco que me aparece!".

Uma vez, uma senhora me parou na rua e começou a me dizer impropérios (claro que eu nunca vou dizer que isso aconteceu lá no viaduto do Chá, não é) dizendo que achava uma falta de decoro cantar "essas porcarias de música evangélica" (sic) a plenos pulmões (hehe, percebeu o porquê). Eu sei que viajo mesmo quando canto, mas quando uma canção me faz meditar, aí é que eu realmente me esqueço de controlar o volume da minha voz. Discreto como um tamanduá, como sempre.

Pausa. O momento agora é para pensar sobre nossas ações, atitudes e decisões. Primeiro, toda ação é resultado de uma decisão e possui uma tendência orientada por nossas atitudes. Parece complexo, mas não é. Uma ação é resultado de uma decisão executada com a atitude do momento. Comparando com a historinha anterior, podemos destacar: a minha atitude de cantar é, na maioria das vezes, a plenos pulmões. Esta atitude dá a orientação necessária para executar a minha decisão. Essa execução é o que denominamos ação. A decisão é a parametrização (difícil?) da ação.

Depois desse momento filosófico (como diria o Victor Fontana, estou construindo um teologúmeno (sic)) (abrindo outro parênteses, procuro construir meus truísmos da forma mais bíblica possível; se por um acaso houver um erro teológico, pelo amor dos céus, me avise), podemos começar a especular um pouco. Somos resultado de nossas escolhas: atitudes, decisões e ações. Você é o que você decidiu ser. Cada vez que você faz uma decisão, como por exemplo no dia em que aceitou a Cristo como Senhor e Salvador da sua vida, você decidiu tomar um rumo diferente na sua vida. Descontado o fato de que a vocação divina para os eleitos é irresistível (mais detalhes, veja a Confissão de Fé de Westminster e o Catecismo Maior), você é responsável pela sua decisão ou atitude.

Você sempre pode optar pelo certo ou pelo errado. Para ilustrar, e se você tiver tempo, dê uma chegadinha na sua Bíblia e leia o trecho de Gn. 3:1-13 esp. vv.12-13. Eva, lá no Jardim do Éden, fez uma escolha errada (desobedeceu a Deus) porque deu ouvidos a Satanás. Ainda sob o efeito do erro, conduziu Adão ao erro também. Mas creio que a parte mais ilustrativa desta cena esteja nos versículos 12-13: Adão atribuiu a responsabilidade do erro a Eva, que, por sua vez, atribuiu seu erro à serpente.

Na verdade, eles fizeram algo que ainda muitos de nós (inclusive eu) faz, consciente ou inconscientemente: não assumir seus próprios erros. Certamente, este tipo de atitude contribui para o auto-engano e a continuidade no pecado. Creio que aqui posso especular mais uma coisa: o ser humano tem uma tendência natural em fazer escolhas erradas (pecar), bem como a atribuir sua parcela de responsabilidade sobre sua própria decisão a outrem, seja ele terreno ou celestial.

Decisões incertas podem ser extremamente prejudiciais a si e a seu kosmoi (palavra grega que expressa melhor o que a expressão "ambiente ao redor" não faz). Não estou falando de maldição hereditária. Estou falando sim de escolhas erradas, feitas de forma errada sem capitulação prévia para melhor decisão.

Continuando. Qual é a resposta para mitigar as conseqüências nefastas das escolhas erradas? Uso agora o Livro dos Livros para nos dar a resposta: "Pelo temor do Senhor os homens evitam o mal" (Pv 16:6b). Para uma melhor visão dos diversos preceitos sobre decidir, submeter-se e temer a Deus, dê uma olhada no capítulo 16 de Provérbios.

Finalmente, para termos uma vida frutífera e plena em Cristo, devemos nos apresentar a Deus para sermos utilizados do jeito que Deus quer, em qualquer lugar, a qualquer tempo, fazendo qualquer coisa que Deus quiser. Em outras palavras, consagração a Deus (veja Rm. 12:1).

Oikoumene

Quem diz que o protestantismo foi um golpe na unidade cristã certamente está munido de muitos bons argumentos, alguns deles óbvios (o sem-fim de denominações evangélicas que surgem e desaparecem, por exemplo).


O que poucos notam é que existe um esforço, ainda que muitas vezes tímido, das igrejas históricas em reverter este processo. Algo a ser comentado é o Concílio Mundial de Igrejas (WCC). É uma organização que agrega 349 instituições cristãs em 110 países, que somam 560 milhões de fiéis ao redor do globo.


Sediado em Genebra, o WCC anunciou na última terça-feira que terá um novo Secretário Geral em setembro de 2009. O queniano Samuel Kobia – primeiro africano no posto – revelou que não tentará reeleição para o cargo.


Assim, o principal nome para assumir o papel de líder da organização é Mvume Dandala, Bispo da Igreja Metodista da África do Sul. Irônico, o trabalho de maior impacto do Concílio foi justamente na luta contra a Apartheid na década de 80, no país de origem de seu provável novo secretário.


O ecumenismo da maneira como muitas vezes é pensado no Brasil está longe de ser saudável ao cristianismo, mas verdade seja dita: não haverá placa no céu indicando “proibida entrada de fiéis à denominação X”.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Resgatando desapontados

Após ver algumas coisas decepcionantes no YouTube, como Gideões Missionários e unções de leão, resolvi deixar aos leitores do blog uma sugestão de leitura: Decepcionados com a Graça.


Não se engane pelo título do livro, achando que Paulo Romeiro traz neste escrito algo similar a Decepcionados com Deus de Philip Yancey. O que se vê na obra deste autor brasileiro – que também já publicou SuperCrentes e Evangélicos em Crise – é uma bela análise das decepções que o movimento neopentecostal tem produzido, além de tentar uma proposta pastoral que dê conta de trazer de volta as ovelhas afugentadas pelas falsas promessas da confissão positiva.


Baseado na tese de doutorado do autor, Decepcionados com a Graça espanta pela quantidade de referências bibliográficas, típicas de um trabalho acadêmico. Com 204 obras em sua bibliografia, são raras as páginas do livro que não contam com uma nota de rodapé ou uma citação. Assim, Romeiro conta com uma boa fundamentação para o trabalho ousado que tenta fazer, de reconstrução histórica e teológica do movimento evangélico carismático no Brasil.


Apesar do rigor de academia que o texto evidentemente traz, sua leitura está longe de ser difícil. A clareza e a objetividade permeiam todo o livro, que mostra um acurado distanciamento crítico do autor, permitindo ao leitor leigo absorver com facilidade não apenas os conceitos pretendidos no discurso, mas também os dados históricos presentes em toda a argumentação de Romeiro.


Com um tema que promete polêmica, este título é surpreendentemente imparcial em seus primeiros relatos. O autor passa mais da metade da obra discorrendo sobre as origens do pentecostalismo e apontando os traços de brasilidade que o movimento neopentecostal acabou adquirindo. Tudo é contado de um ponto de vista histórico e são poucas as vezes em que Romeiro toma algum partido ou opina em alguma questão teológica.


A coisa só começa a ficar diferente depois de muitas páginas já lidas. É a partir do sétimo capítulo, quando o leitor já adquiriu bagagem teórica, que o autor passa a expor sua opinião e explicar como as doutrinas contemporâneas têm contribuído para a decepção de muitos. A partir daí o livro ganha uma outra dinâmica e passa a propor a solução pastoral para um início de milênio em que as igrejas históricas crescem pouco, enquanto as neopentecostais se expandem, mas gerando uma multidão de decepcionados.