Não se engane pelo título do livro, achando que Paulo Romeiro traz neste escrito algo similar a Decepcionados com Deus de Philip Yancey. O que se vê na obra deste autor brasileiro – que também já publicou SuperCrentes e Evangélicos em Crise – é uma bela análise das decepções que o movimento neopentecostal tem produzido, além de tentar uma proposta pastoral que dê conta de trazer de volta as ovelhas afugentadas pelas falsas promessas da confissão positiva.
Baseado na tese de doutorado do autor, Decepcionados com a Graça espanta pela quantidade de referências bibliográficas, típicas de um trabalho acadêmico. Com 204 obras em sua bibliografia, são raras as páginas do livro que não contam com uma nota de rodapé ou uma citação. Assim, Romeiro conta com uma boa fundamentação para o trabalho ousado que tenta fazer, de reconstrução histórica e teológica do movimento evangélico carismático no Brasil.
Apesar do rigor de academia que o texto evidentemente traz, sua leitura está longe de ser difícil. A clareza e a objetividade permeiam todo o livro, que mostra um acurado distanciamento crítico do autor, permitindo ao leitor leigo absorver com facilidade não apenas os conceitos pretendidos no discurso, mas também os dados históricos presentes em toda a argumentação de Romeiro.
Com um tema que promete polêmica, este título é surpreendentemente imparcial em seus primeiros relatos. O autor passa mais da metade da obra discorrendo sobre as origens do pentecostalismo e apontando os traços de brasilidade que o movimento neopentecostal acabou adquirindo. Tudo é contado de um ponto de vista histórico e são poucas as vezes em que Romeiro toma algum partido ou opina em alguma questão teológica.
A coisa só começa a ficar diferente depois de muitas páginas já lidas. É a partir do sétimo capítulo, quando o leitor já adquiriu bagagem teórica, que o autor passa a expor sua opinião e explicar como as doutrinas contemporâneas têm contribuído para a decepção de muitos. A partir daí o livro ganha uma outra dinâmica e passa a propor a solução pastoral para um início de milênio em que as igrejas históricas crescem pouco, enquanto as neopentecostais se expandem, mas gerando uma multidão de decepcionados.
4 comentários:
Velho pela Propaganda e Sinopse, fiquei interessado na Leitura. Parece algo bem pertinente atualidade.
Parabens pelo Blog
Participo há algum tempo de um grupo de discussão chamado Solascriptura, cujo mediador/organizador é um crítico aguerrido e bem embasado do pentecostalismo e do neopentecostalismo no Brasil e no mundo. Do que já discutimos e do que já aprendi com nossas discussões, o pentecostalismo, como movimento, já começou mal ajambrado porque seus líderes tinham, no mínimo, interesses escusos e motivos estranhos demais ao cristianismo que por aqui não haveria espaço para caber todas as suas, no mínimo, idiossincrasias.
Não sei o que decepciona mais: o neopentencostalismo com todas as suas propostas inovadoras e, tantas vezes, infundadas, ou a fria e cômoda espiritualidade dos arraigados tradicionalistas.
O QUE MAIS DECEPCIONA É A FALTA DE SANTIDADE, A ERA DO "VAI QUEM QUER", E "VENHA COMO ESTÁS", ESTA BAGUNÇADO ATÉ HOJE, DEUS VIROU UM FANTOCHE, SANTIDADE NEM PENSAR...
TAMTO NEO, COMO pentecostalismo A BAGUNÇA É GERAL...PODE TUDO...
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