quinta-feira, 16 de julho de 2009

A visão de Walter Brueggemann sobre a relevância da nossa mensagem

Recentemente, troquei e-mails com o Dr. Walter Brueggemann, em busca de uma visão lúcida a respeito de comunicação, púlpito e pós-modernidade. Já esperava bons insights de um homem com um currículo como o dele, mas fiquei particularmente impressionado com a seguinte frase:

"Temos que manter a nossa fala próxima da realidade e distante de toda a abstração. Temos que evitar a coerção. Simplesmente possuímos uma verdade diferente para dizer a respeito das nossas vidas e devemos contar isto para que as pessoas vejam o quanto há de relevância. A igreja tem sido muito distante da realidade vivida, enquanto a Bíblia nunca é remota".


Com isto, ele me respondeu à pergunta: como fazemos para que a nossa mensagem se destaque no meio de tanta informação que recebemos nos tempos atuais? Como ser relevante?

Quanto conteúdo em tão poucas linhas. Vou organizar isto em rápidos tópicos:

- Manter a fala próxima da realidade, distante da abstração. Já reparou como alguns sermões são chatos e longos, com explanações de conceitos complicados que chegam a doer no ouvido? Conceitos são bons, mas devem estar próximos do nosso cotidiano. Que tal usar uma história bíblica que ilustre um conceito e mostrar como esta história se repete na nossa vida?

- Evitar a coerção. "Jovem, pense no seu namoro! Desse jeito você vai para o inferno!". Evite esse tipo de frase. Sermões são mais úteis quando nos apontam uma alternativa viável ao mal. Simplesmente apontar o que é errado é muito fácil. Difícil é encorajar a fazer o bem.

- Contar a verdade. Jesus sabia que a verdade era um caminho poderoso para a relevância. Tanto que vinculou a santificação dos discípulos ao conhecimento da verdade na oração sacerdotal (João 17.17).

- A respeito de nossas vidas. Não existe relevância no nosso discurso se não vivemos aquilo que pregamos. Brueggemann é genial quando diz "verdade a respeito de nossas vidas" e não apenas "verdade sobre a vida". Evangelho bom é evangelho vivido.

- A Bíblia nunca é remota. Walter Brueggemann é um dos maiores estudiosos do Antigo Testamento que o mundo protestante já conheceu. Para ele, é natural afirmar que a narrativa da Escritura diz muito ao nosso cotidiano. Ele tem razão. Problemas entre pais e filhos, desigualdade social, preconceito, questões econômicas, discussões sobre Direito e Estado, entretenimento. Está tudo lá.

*Walter Brueggemann é autor de mais de 60 livros. O mais famoso deles no Brasil é provavelmente Imaginação Profética. Ele coleciona títulos acadêmicos e tem como trabalho mais notável o de professor de Antigo testamento por mais de uma década no Columbia Theological Seminary.

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Olá ... gostei muito do artigo, muito relevante para a nossa realidade, ontem mesmo estávamos falando algo parecido na reunião de estudo bíblico, hoje as pessoas lêem a bíblia mais não internalizam, não trazem pra prática, pra realidade do dia a dia e é por isso que não conseguem viver a verdadeira transformação ... que o espírito santo possa nos incomodar, para despertar em todos nós uma verdadeira vontade de mudar, para que com nossas vidas possamos mostrar a soberania do nosso Deus ...
Abraço, fica com Deus ...
Danieli Bueno

Raphael Rap disse...

De todos, creio que evitar a coerção é um método válido para todas as áreas de nossas vidas. Afinal errar e reconhecer o erro é difícil no entanto, deixar o erro não é a atividade menos árdua que vamos experimentar...