terça-feira, 28 de julho de 2009

Marketing pode melhorar os sermões

Se para Sam Giere, noção de mundo gera um bom sermão, para Kevin Hendricks, teríamos pregadores muito mais eficientes se nossos pastores estudassem técnicas de comunicação em público e marketing.

Hendricks é diretor do Laboratório de Comunicação para Igrejas nos EUA e responsável pela inserção da Associação Evangelística Billy Graham na Internet. Ele é um de uma série de pessoas que tenho entrevistado, em busca de bom material sobre desafios para a comunicação do Evangelho.

Aqui você vê um pequeno trecho da entrevista, que em breve será publicada na íntegra em outro espaço.

"Ouviríamos melhores sermões nos domingos se pregadores estudassem marketing? Não tenho dúvidas. Eu bloguei no ChurchMarketingSucks sobre um site chamado Pesentation Zen. É uma ferramenta sobre como fazer melhores apresentações em público. Eu argumentei que as mesmas dicas se aplicam à pregação. Se pastores se aprimorassem, usando técnicas comprovadas de apresentação, veríamos melhores resultados e pregações mais envolventes"


Estes dias estava pensando que ninguém prega mal porque quer. Todo pastor deseja pregar bem, ou não? Acho que o problema não está em pregar bem ou mal. É estarmos satisfeitos com aquilo que pregamos, com o modo, com o método. Conformados.

Na verdade, deveríamos perceber que sempre há espaço para melhorar.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Poema do cristão cult pós-moderno

Baseado nas 10 atitudes para tornar-se um cult da espiritualidade pós-moderna, postado por Genizah, via Teologia Pentecostal via Pastor Julio Soder.

Cabe aqui a manifestação de que provavelmente me encaixo em boa parte do que dizem ser um "cult da espiritualidade pós-moderna". Gosto dos livros do Brian McLaren, por exemplo. Entretanto, acho saudável a crítica de muito do que faço.

Poema do cristão cult pós-moderno
(por Victor Fontana)

Eu prefiro ser
Uma metamorfose ambulante
Inda que eu caia
Num oximoro ululante
Porque entre ortodoxo
E heterodoxo
Sou mais o paradoxo
Sou parte da maré
Que rema contra a maré
É moda ser contra a moda
Você sabe como é
Sou a igreja sem religião
E quando de mau humor
Sou sem Cristo um cristão
Prego tolerância e amor
Com ódio e transgressão
Ofendo e escandalizo
Em nome da missão?

Eu gosto de chamar isto de relevância da cruz

Um Poema de Gióia Júnior:

INTERLÚDIO I

Ah! noite aquela em que Ele foi traído!
e foi abandonado e foi moído
por minhas transgressões! Ah! noite aquela,
dura e profunda, silenciosa e bela!
de uma beleza trágica e voraz!
De ti, oh, noite, vem a nossa paz...
De tua escuridão irrompe a luz
nasce o perdão, desperta a fé, emerge a cruz.

Relevância da cruz é o que eu acho que este poema deveria se chamar. Gióia, na sua genialidade, chamou de Interlúdio I.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Contos da Cripta: A Reforma


Não falo de reforma protestante. Menos ainda das reformas política e fiscal, que o País tanto precisa. Estou falando do rapaz do apartamento ao lado mesmo. Martelos e pregos, alicates e marretas, ruídos e tremores, meu sossego acabou.

Pior que isso é a cara de cachorro babão que o pintor faz quando a minha mulher sai de casa para trabalhar. Pra essa gente parece que mulher é só um pedaço de carne. Mas também, a quem eu quero enganar? Nas praias da Riviera de São Lourenço não passo de um Jorginho sofisticado. Jorginho é o nome do pintor.

Quando você acha que está tudo ruim, a coisa pode ficar mais sórdida. É sempre assim. O garoto filho de papai que comprou o apê do lado ainda está na faculdade. Festa toda sexta. Até aí tudo bem. O problema é que ele mata as aulas de quinta. Então tem bebedeira e futebol na quarta também. Com a sala remodelada, aposto em mais farra nos próximos meses.

Ou seja, Galvão Bueno em Home Theater e Surround. Isso quando não for um daqueles narradores genéricos do pay-per-view. “Gol do Vila Nova! Parece que é mais um passo para o rebaixamento do Atlético Goianiense!”. Ah, o inferno que são os campeonatos estaduais.

Enquanto o inferno não chega, tenho que aturar martelos e pregos, alicates e marretas, ruídos e tremores. Estou colocando meu macacão azul. Vou dar uma mão para o pintor. Assim, a reforma acaba mais rápido e da minha casa só ouço o Campeonato Brasileiro mesmo.

Uma mão de tinta na parede da cozinha e deixo uma Bíblia com Jorginho. Bato uma foto minha com o pintor e imprimo. A imagem vai dentro de outra Bíblia. No verso, um recado para o vizinho: "ajudei em sua reforma com uma mão de tinta, espero que termine logo".

Quem sabe assim ele me chama para assistir a rodada dos estaduais na quarta-feira. Se não chamar, pelo menos abreviei a saída de Jorginho e seus olhos que acompanham minha esposa.

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*Os Contos da Cripta deste blog são histórias fictícias de gente que está tentando morrer um pouquinho para que Cristo viva. É ficção, mas pode acontecer com qualquer um.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A visão de Walter Brueggemann sobre a relevância da nossa mensagem

Recentemente, troquei e-mails com o Dr. Walter Brueggemann, em busca de uma visão lúcida a respeito de comunicação, púlpito e pós-modernidade. Já esperava bons insights de um homem com um currículo como o dele, mas fiquei particularmente impressionado com a seguinte frase:

"Temos que manter a nossa fala próxima da realidade e distante de toda a abstração. Temos que evitar a coerção. Simplesmente possuímos uma verdade diferente para dizer a respeito das nossas vidas e devemos contar isto para que as pessoas vejam o quanto há de relevância. A igreja tem sido muito distante da realidade vivida, enquanto a Bíblia nunca é remota".


Com isto, ele me respondeu à pergunta: como fazemos para que a nossa mensagem se destaque no meio de tanta informação que recebemos nos tempos atuais? Como ser relevante?

Quanto conteúdo em tão poucas linhas. Vou organizar isto em rápidos tópicos:

- Manter a fala próxima da realidade, distante da abstração. Já reparou como alguns sermões são chatos e longos, com explanações de conceitos complicados que chegam a doer no ouvido? Conceitos são bons, mas devem estar próximos do nosso cotidiano. Que tal usar uma história bíblica que ilustre um conceito e mostrar como esta história se repete na nossa vida?

- Evitar a coerção. "Jovem, pense no seu namoro! Desse jeito você vai para o inferno!". Evite esse tipo de frase. Sermões são mais úteis quando nos apontam uma alternativa viável ao mal. Simplesmente apontar o que é errado é muito fácil. Difícil é encorajar a fazer o bem.

- Contar a verdade. Jesus sabia que a verdade era um caminho poderoso para a relevância. Tanto que vinculou a santificação dos discípulos ao conhecimento da verdade na oração sacerdotal (João 17.17).

- A respeito de nossas vidas. Não existe relevância no nosso discurso se não vivemos aquilo que pregamos. Brueggemann é genial quando diz "verdade a respeito de nossas vidas" e não apenas "verdade sobre a vida". Evangelho bom é evangelho vivido.

- A Bíblia nunca é remota. Walter Brueggemann é um dos maiores estudiosos do Antigo Testamento que o mundo protestante já conheceu. Para ele, é natural afirmar que a narrativa da Escritura diz muito ao nosso cotidiano. Ele tem razão. Problemas entre pais e filhos, desigualdade social, preconceito, questões econômicas, discussões sobre Direito e Estado, entretenimento. Está tudo lá.

*Walter Brueggemann é autor de mais de 60 livros. O mais famoso deles no Brasil é provavelmente Imaginação Profética. Ele coleciona títulos acadêmicos e tem como trabalho mais notável o de professor de Antigo testamento por mais de uma década no Columbia Theological Seminary.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

"What would Jesus tweet?" ou O que Jesus Twittaria?

Imagine: Deus se humilha novamente e volta a se fazer carne. Anda entre nós, como ser humano, neste início de século 21. O que Jesus Twittaria se estivesse andando por aí e acessando um PC em sua carpintaria? Ou talvez com um iPhone de algum discípulo depois de uma cura miraculosa?

A pergunta me veio depois de ler uma coluna intrigante de Gideon Rachman no Financial Times da última segunda-feira. Em um dos muitos bons insights do texto Um imperativo categórico para o Twitter, o jornalista britânico disse que muitos dos grandes filósofos poderiam usar os 140 toques para divulgar ideias centrais.

Segundo Rachman, a coisa seria mais ou menos desse jeito:

Marx: "Trabalhadores do mundo, uni-vos!"

Bentham: "A maior satisfação nos melhores números"

Kant e seu imperativo categórico: "Aja de acordo com a máxima de que você pode desejar que sua ação seja uma lei universal"

Maquiavel: "Os caras legais se ferram no final" - esta numa óbvia brincadeira reducionista.

E segue a pergunta:

- E Jesus? O que ele twittaria?

Talvez ele, bem como os filósofos acima, não twitasse nada demais. Talvez fizessem como algumas personalidades têm feito. "Indo para um encontro com Kofi Annan. Desejem-me sorte". Já pensou?

Ou Marx: "Engels acaba de tirar caca do nariz na frente de Steve Jobs. Hahaha". Voltando a Jesus: "Indo para Havana curar endemoniados. Havana, depois Negrill, depois Caracas. O mundo era menor há 2 mil anos".

O Twitter tem a capacidade agridoce de transformar gente irrelevante em fonte de informações importantes e de deixar irrelevante gente famosa e intelectual. Não acho que Jesus cairia na armadilha. Acho que seria um subversivo.

Acho que usaria o Twitter para ser simples. Ser objetivo e ser voraz contra o sistema. Mas isto é apenas o que eu acho.

O que Jesus Twittaria?