sexta-feira, 19 de junho de 2009
Sermão do Monte e o verdadeiro Fim dos Tempos
Esse post é em resposta a um edificante comentário de Rachel em uma postagem mais antiga deste blog.
Ainda tem povo de Deus por aí. Gente que sente falta de um pedaço de "novo" que não temos porque não chegou o tempo.
Ainda não é a hora da Nova Jerusalém. Enquanto estamos por aqui, temos um lugar para viver, mas ficamos sem um lar. E é não mais que natural a vontade de ir embora.
Essa vontade de sair deste sistema aumenta quando percebemos que não damos conta do recado. Que esse corpinho de carne atrapalha. Que esse mundo enoja. Que fazemos o mal que não queremos e deixamos de fazer o bem que desejamos.
Por enquanto, Reino de Deus é desenho. É imaginação. Ele existe num imaginário que faz duro contraste com o falsário "mundo real" que nos cerca.
Se o reino é imaginação do Artista, nós somos a obra. E assim, temos que remeter ao que Ele imaginou.
Então, o desejo de ir embora nos leva a uma necessidade de ficar. É um paradoxal ciclo virtuoso. Em que o mesmo princípio ativo que nos leva a querer ir embora, nos dá um sentido de urgência. Uma sensação de tarefa incompleta. Um senso de dever.
Quem tem saudades da cidade que nunca visitou, tem sede de justiça. Tem ímpeto por transformação social. Transborda em amor. É mensageiro de paz. Chora com os que choram. É mansidão com seus agressores. É perseguido e quer ir. Mas é luz e quer ficar.
O quadro foi pintado para ser olhado. Nossa missão é sermos observados e fruídos. Parafraseando o Mestre: Somos "uma cidade sobre o monte, que não pode ser escondida".
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quarta-feira, 17 de junho de 2009
Noção de mundo gera um bom sermão
Palavras de Samuel Giere, PhD. em Antigo Testamento, pastor luterano e professor de homilética no seminário Wartburg:
"Um bom sermão começa com um ouvir apropriado. Nós temos a tendência de ouvir às escrituras e nos imergimos durante a semana em um trecho da Bìblia para pregar um sermão no domingo.
Mas se fazemos apenas isto, não estamos cumprindo nosso chamado. Em complemento a ouvir às Escrituras, devemos ouvir nossa congregação. Devemos ouvir o mundo.
Se eu resolvo pregar algo que acho muito bonito, mas que não é relevante para quem ouve, a mensagem atravessa a congregação e voa pela janela."
Lembra um pouco Karl Barth sobre pregar "com a Bíblia em uma mão e o jornal na outra."
Ou "pregar com a Bíblia em uma mão e o mouse na outra", na adaptação pós-moderna de Marcos Botelho.
Eu diria pregar só com o mouse mesmo, com a quantidade de Bíblias Online que tem por aí.
A charge é de Jasiel Botelho. Para mais como esta, clique aqui.
"Um bom sermão começa com um ouvir apropriado. Nós temos a tendência de ouvir às escrituras e nos imergimos durante a semana em um trecho da Bìblia para pregar um sermão no domingo.
Mas se fazemos apenas isto, não estamos cumprindo nosso chamado. Em complemento a ouvir às Escrituras, devemos ouvir nossa congregação. Devemos ouvir o mundo.
Se eu resolvo pregar algo que acho muito bonito, mas que não é relevante para quem ouve, a mensagem atravessa a congregação e voa pela janela."
Lembra um pouco Karl Barth sobre pregar "com a Bíblia em uma mão e o jornal na outra."
Ou "pregar com a Bíblia em uma mão e o mouse na outra", na adaptação pós-moderna de Marcos Botelho.
Eu diria pregar só com o mouse mesmo, com a quantidade de Bíblias Online que tem por aí.
A charge é de Jasiel Botelho. Para mais como esta, clique aqui.
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Comunicação e Cristianismo,
Drops sobre sermão
terça-feira, 9 de junho de 2009
Saudade do que está por vir
Como será que é possível ter saudade de um lugar em que ainda não se esteve? Nessa maluquice de viver um cristianismo de verdade, a gente fica pra lá de deslocado, porque o doce lar para a criatura que é feita nova tem que ser uma nova cidade.
Por enquanto a gente vai fazendo do mundo velho algo um pouco mais próximo da Nova Jerusalém, se realmente vivemos em novidade de vida.
Saudade
(por Victor Fontana)
Me explica a saudade
Da cidade
Que ainda não visitei
A falta que tenho
Do desenho
Que só experimentei
Na ação do meu amigo
Mais chegado que irmão
No conforto, no abrigo
De um povo sem nação
O que vivi foi esboço
Fruto do esforço
Sobre águas de um vento
Apesar de mim, de meus intentos
Por enquanto a gente vai fazendo do mundo velho algo um pouco mais próximo da Nova Jerusalém, se realmente vivemos em novidade de vida.
Saudade
(por Victor Fontana)
Me explica a saudade
Da cidade
Que ainda não visitei
A falta que tenho
Do desenho
Que só experimentei
Na ação do meu amigo
Mais chegado que irmão
No conforto, no abrigo
De um povo sem nação
O que vivi foi esboço
Fruto do esforço
Sobre águas de um vento
Apesar de mim, de meus intentos
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Evangelizar ou Cristianizar?
Palavras de Ariovaldo Ramos ao podcast do irmaos.com:
"O pior é o uso inadequado do termo evangelizar. O que eles fazem é proselitismo. Eles não querem comunicar Jesus. Querem trazer o cara para a religião deles.
Não foi isso que Jesus fez. Cristo nos ensinou a comunicá-lo. Então, quando a gente resolve comunicar Jesus, a gente resolve falar de justiça de amor, de liberdade, de paz, de transformação social, a partir de um grande exemplo.
Um exemplo que é mais que um homem que triunfou na história, mas é Deus que se fez homem, pra gente se fazer homem de verdade."
Será que 'eles' sou eu? Minha reflexão desta vez é: será que não sou eu mesmo o maior desafio para a comunicação do evangelho?
Será que não sou apenas alguém tentando convencer os outros a se comportarem como eu me comporto? Será que não estou impondo cultura em vez de transmitir uma mensagem de salvação e libertação?
O maior desafio para a comunicação do evangelho não é técnico, nem ético, nem epistemológico. É teológico. Passa por uma total anulação do 'eu'. Passa pelo reconhecimento de uma dura e calvinista depravação total.
"O pior é o uso inadequado do termo evangelizar. O que eles fazem é proselitismo. Eles não querem comunicar Jesus. Querem trazer o cara para a religião deles.
Não foi isso que Jesus fez. Cristo nos ensinou a comunicá-lo. Então, quando a gente resolve comunicar Jesus, a gente resolve falar de justiça de amor, de liberdade, de paz, de transformação social, a partir de um grande exemplo.
Um exemplo que é mais que um homem que triunfou na história, mas é Deus que se fez homem, pra gente se fazer homem de verdade."
Será que 'eles' sou eu? Minha reflexão desta vez é: será que não sou eu mesmo o maior desafio para a comunicação do evangelho?
Será que não sou apenas alguém tentando convencer os outros a se comportarem como eu me comporto? Será que não estou impondo cultura em vez de transmitir uma mensagem de salvação e libertação?
O maior desafio para a comunicação do evangelho não é técnico, nem ético, nem epistemológico. É teológico. Passa por uma total anulação do 'eu'. Passa pelo reconhecimento de uma dura e calvinista depravação total.
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Em busca de um Jesus,
Pensando a Igreja
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Um olhar comunicador sobre o sermão (Reflexão sobre Andy Stanley)
"Tudo que pode ser dito pode ser dito de maneira simples" (Wittgenstein)
"Pregar é simples. Ao complicar, fazemos um desserviço a nós mesmos e a quem nos ouve" (Andy Stanley)
Continuando a conversa sobre desafios para a comunicação do evangelho, li algo esta semana que vale a pena compartilhar. Em entrevitsa a Ed Stetzer, o pastor Andy Stanley fala sobre o sermão sob o olhar de um comunicador.
Ele fala, sobretudo, em como alcançar a atenção de uma audiência que não quer necessariamente ouvir sobre o que você tem a dizer. Em concordância com muito que tenho ouvido aqui no Brasil - essencialmente de Marcelo Gualberto e Marcos Botelho - Stanley enfatiza a importância de se contar histórias.
Histórias no lugar de conceitos e teses. Uma história para ilustrar um ponto, um conceito. Encontrar uma mensagem importante, aquilo que o receptor não pode sair do culto sem ouvir e, então, enfatizar este ponto.
De grande novidade gostei de ouvir alguém falar contra o senso comum de que uma mensagem tem de ser necessariamente rápida. Para Stanley a duração da mensagem deve ser equivalente à quantidade de tempo que o comunicador consegue prender a atenção do público.
Veja algumas das declarações de Andy Stanley sobre sermões (na íntegra a entrevista deu sete páginas de Word):
Pregação em pontos - É um péssimo modelo. Pontos não são uma viagem de um lugar para outro. Pontos são pontos. Comunicação é: todos temos necessidades comuns e eu não vou sair daqui até fazer você sentir que elas têm de ser resolvidas. Então, depois, abrimos a Palavra e resolvemos.
Excesso de informação - Vejo algumas pregações e penso: "Pobre pregador. Passou a semana inteira se preparando e ele tem três sermões em um só. Isso na verdade deveria ser uma série. Todo mundo vai voltar na semana que vem, então não precisa aglutinar tudo em uma mensagem nesta semana."
Estratégia - Temos de ter metas específicas: "quero que eles conheçam algo", ou "quero que eles façam algo", ou "quero que eles mudem algo". Então, falo 35 ou 40 minutos apenas palavras com aquele objetivo específico.
Paixão por pregar - Você tem que imaginar um jovem de 21 anos sentado no fundo dando à igreja mais uma chance. Em que parte ou o que na sua mensagem contém aquela paixão que vai alcançar e agarrar o cara e dizer: "você não vai sair daqui sem me ouvir."
Estou tentando entrar em contato com o Stetzer para que ele me autorize a simplesmente traduzir o material e postar paulatinamente aqui no blog. Por enquanto, se você entende bem inglês pode curtir as entrevistas na íntegra clicando aqui.
Andy Stanley é autor do livro Communicating for Change, em que trata de como comunicar, do púlpito, a revelação de Deus.
A charge deste post é de Jasiel Botelho. Para mais delas, clique aqui.
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"Pregar é simples. Ao complicar, fazemos um desserviço a nós mesmos e a quem nos ouve" (Andy Stanley)
Continuando a conversa sobre desafios para a comunicação do evangelho, li algo esta semana que vale a pena compartilhar. Em entrevitsa a Ed Stetzer, o pastor Andy Stanley fala sobre o sermão sob o olhar de um comunicador.
Ele fala, sobretudo, em como alcançar a atenção de uma audiência que não quer necessariamente ouvir sobre o que você tem a dizer. Em concordância com muito que tenho ouvido aqui no Brasil - essencialmente de Marcelo Gualberto e Marcos Botelho - Stanley enfatiza a importância de se contar histórias.
Histórias no lugar de conceitos e teses. Uma história para ilustrar um ponto, um conceito. Encontrar uma mensagem importante, aquilo que o receptor não pode sair do culto sem ouvir e, então, enfatizar este ponto.
De grande novidade gostei de ouvir alguém falar contra o senso comum de que uma mensagem tem de ser necessariamente rápida. Para Stanley a duração da mensagem deve ser equivalente à quantidade de tempo que o comunicador consegue prender a atenção do público.
Veja algumas das declarações de Andy Stanley sobre sermões (na íntegra a entrevista deu sete páginas de Word):
Pregação em pontos - É um péssimo modelo. Pontos não são uma viagem de um lugar para outro. Pontos são pontos. Comunicação é: todos temos necessidades comuns e eu não vou sair daqui até fazer você sentir que elas têm de ser resolvidas. Então, depois, abrimos a Palavra e resolvemos.
Excesso de informação - Vejo algumas pregações e penso: "Pobre pregador. Passou a semana inteira se preparando e ele tem três sermões em um só. Isso na verdade deveria ser uma série. Todo mundo vai voltar na semana que vem, então não precisa aglutinar tudo em uma mensagem nesta semana."
Estratégia - Temos de ter metas específicas: "quero que eles conheçam algo", ou "quero que eles façam algo", ou "quero que eles mudem algo". Então, falo 35 ou 40 minutos apenas palavras com aquele objetivo específico.
Paixão por pregar - Você tem que imaginar um jovem de 21 anos sentado no fundo dando à igreja mais uma chance. Em que parte ou o que na sua mensagem contém aquela paixão que vai alcançar e agarrar o cara e dizer: "você não vai sair daqui sem me ouvir."
Estou tentando entrar em contato com o Stetzer para que ele me autorize a simplesmente traduzir o material e postar paulatinamente aqui no blog. Por enquanto, se você entende bem inglês pode curtir as entrevistas na íntegra clicando aqui.
Andy Stanley é autor do livro Communicating for Change, em que trata de como comunicar, do púlpito, a revelação de Deus.
A charge deste post é de Jasiel Botelho. Para mais delas, clique aqui.
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Pensando a Igreja
segunda-feira, 1 de junho de 2009
[Poema] Transpiração, inspiração, transpiração...
Bosquejei cheio de bossa
Passeei pelos versos
Preenchi estrofes
Aliterações e metáforas
Sinestesias e oximoros
Fartei-me no estarrecimento
De dramatizar cada sensação
E vetor sentimento
Mais vetor linguagem
Dá perda de significado como resultante
A mecânica do idioma:
Prá lá de transpirada
Mecânica do amor:
Puramente inspirada
Palavras nem sempre convencem
Que dizer de circunstâncias?
Episódios? Atitudes?
(Victor Fontana)
Comunicar Evangelho é isso: viver mais e falar menos.
Passeei pelos versos
Preenchi estrofes
Aliterações e metáforas
Sinestesias e oximoros
Fartei-me no estarrecimento
De dramatizar cada sensação
E vetor sentimento
Mais vetor linguagem
Dá perda de significado como resultante
A mecânica do idioma:
Prá lá de transpirada
Mecânica do amor:
Puramente inspirada
Palavras nem sempre convencem
Que dizer de circunstâncias?
Episódios? Atitudes?
(Victor Fontana)
Comunicar Evangelho é isso: viver mais e falar menos.
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