sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tem Um Tempo

Tem Um Tempo

Já tem um tempo
Que eu via você
Não mais um menino
Retratado na TV

Algo mais profundo
Com quê de libertador
Um revolucionário
Ensinando um outro amor

E tão distante
De um lirismo panfletário
Ou das letras
Do forró universitário

Com a ousadia
De ir contra o sistema
E a sensibilidade
De entender meu problema

Eu te vi menino
Eu te vi crescido
Eu te vi mestre
Eu te vi sofrido

E de tudo que experimentei
Que, penso eu, entendi
Parece faltar tanto
Mas sei: te conheci

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Vela

A Vela
(Victor Fontana)

Tal como vela
Quem quiser iluminar
Terá de derreter
Pois somente no sofrer
É que se aprende a amar

Amor perfeito
Expresso numa cruz
Pés que foram pregados
Mas deixaram pegadas
Por um caminho que conduz (tal como vela)

Amor completo
Visto no servir
De mãos machucadas
Mas hoje acaloradas
A conforto traduzir (tal como vela)

Amor eterno
Contido num olhar
Que me aceitou
Das trevas me tirou
Trazendo luz do altar (tal como vela)

domingo, 23 de maio de 2010

Poema: Marca da Cruz

Uma frase de uma amiga no Twitter me inspirou a publicar este antigo poema meu, que recentemente tomou forma de canção:

Alegre vou
Não estou sozinho
Firme caminho
A cruz me marcou

Foi se o mesquinho
E toda a tristeza
Da minha natureza
Tudo transformou

Dor se converte em alegria
Quando a culpa em mim se esvazia
Se diminuto fazes melhor de mim
Dobra-me noite e dia

São estas marcas
Que trago comigo
No corpo de um Amigo
Impiaedosas chagas

Para dar ao pobre abrigo
Ao faminto alimento
Ao triste contentamento
No Calvário não há mágoas

quarta-feira, 10 de março de 2010

Súplica de um solteiro

Solteiro já há um bom tempo, povoam as minhas orações as conversas com Deus sobre uma futura esposa. Quando e como ela virá. Se virá.

Nesta noite eu me flagrei em um momento de intimidade com o Pai em que saquei algo como se fosse uma súplica que um solteiro deveria fazer sempre. A coisa saiu de maneira meio poética, então achei que valeria a pena publicar por aqui.

Súplica de um solteiro

Deus,
Não quero uma mulher para chamar de minha
Quero antes uma que você chame de sua
Que ela lhe chame simplesmente de "meu"

Pai,
Que ela não seja minha posse, mas permissão
Para enfrentar meus problemas, meu apoio
Para me lembrar de você, a solução

Senhor,
Que eu perceba que ela é privilégio
De, sendo sua, eu poder proteger
Sendo sua, eu poder amar

Deus,
Quero a alegria de José,
Que não duvidou de Maria
Nem quando engravidou de outro - um anjo

Pai,
Quero alguém que eu seja capaz de sofrer junto
Sentir as dores dela, amar amores dela
Quero alguém por quem eu possa orar

Senhor,
Que seja alguém em quem eu lhe veja
Que desperte o fogo que há em mim
Que caminhe comigo até o fim

domingo, 7 de março de 2010

Salvador

Olho pro verde do mar
Quando vou te adorar
Brisa põe no coração
Um novo batucar
É na levada da onda
Que eu sinto a brisa soprar
Porque de todos é o vento
De todos é o mar
Meu Deus não é pra poucos
Meu Deus é para o povo
Rico, Ele se fez pobre
Desceu e virou povo

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Conto da Cripta: Descobertas

Eu tinha 12 anos quando dei o meu primeiro beijo. Era uma menina mais velha. Filha do pastor, 14 anos, Luana. Cresci, fiquei muito mais próximo da igreja do que ela, que na semana passada se declarou homossexual. Fiquei sabendo hoje.

Por um instante pensei: "acho que não fui um bom primeiro beijo". Num segundo momento: "Nem a pau que fui o primeiro beijo dela". Uns 15 minutos depois disto: "Será que estou sendo homofóbico? Não, não. Ela chegou a me dizer que já tinha beijado outros garotos".

No fim das contas, sou só um gordinho inseguro.

Pego o telefone e ligo para ela. "Você já deve saber o que penso sobre homossexualidade. Não vou falar sobre isso. Quero apenas dizer que Deus te ama, embora não aprove tudo que você faz. Quero dizer que estou disponível para conversar e continuo seu amigo".

Fui o único a ligar até agora. Nem o pai telefonou. Como sou ridículo. Fico tentando mudar a religião, coisa que nem Jesus conseguiu ou mesmo tentou fazer.
Conto inspirado na família do Rei Davi e na vida de Esera Tuaolo, jogador da NFL que assumiu sua homossexualidade ao se aposentar. Tuaolo só recebeu ligação de um ex-colega na ocasião. Craig Sauer, cristão, disse de forma exemplar: "Você sabe que eu discordo da sua posição, mas você é como meu irmão. Se você é capaz de aguentar saber que vivemos discordando, ainda seremos amigos"

*Os Contos da Cripta deste blog são histórias fictícias de gente que está tentando morrer um pouquinho para que Cristo viva. É ficção, mas pode acontecer com qualquer um.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Poema: Maconha Santificada

Talvez o que eu escrevi abaixo escandalize alguém. Peço a estes que se escandalizem com o que merece, de fato, nosso repúdio. O poema é inspirado em artigo do Rev. Digão, publicado no Genizah.

Maconha santificada

Vamos todos nos dopar
Nosso mestre-traficante
Seu nome idolatrar
Se na Graça a gente pisa
Nosso ópio a mente frisa
Sacerdotisa: grana e cobiça
Vamos nos alienar
Porque o ungido do Sinhô
Chegou pra abençoar
Vamos nos amordaçar
Calar, cegar
E o Evangelho achincalhar
Quem precisa de cruz?
Ou de humildade?
Sou filho do Rei
Já ganhei prosperidade
Restitui,
Quero de volta o que é meu
O barato tá passando, adeus!
E finalmente caio em mim
De direito meu: só fogo eterno
Sou mais um indo para o inferno